terça-feira, 21 de abril de 2009

No Tempo da Maldade


Tanta coisa aconteceu. O tempo passou e muita coisa mudou.

Antes nos reuníamos mais. Falávamos da vida, falávamos bobagem, falávamos do futuro, do presente, do passado. Cantávamos juntos, músicas bregas, fazíamos coreografias e ríamos, sobretudo, ríamos. Éramos, certamente, menos ocupados, menos preocupados, menos "pós-ocupados".

Habitávamos mundos particulares, quase paralelos, partilhávamos as mesmas gírias, os mesmos sonhos, dividíamos os medos, as histórias, as mentiras, as cervejas, as contas, a família.

Não tínhamos os inimigos de hoje, os horários, o medo do ridículo. Sabíamos pedir desculpas e tínhamos coragem de fazê-lo. Sabíamos onde nos encontrar. Amávamo-nos.

Hoje, eventualmente nos vemos, uns de nós não se veem mais, ou ainda, ao verem-se fingem não fazê-lo.

Talvez fossémos pessoas melhores, menos solitárias, menos cercadas de preconceitos, mais amigas, menos amargas, mais inteligentes, mais dependentes, mais felizes.

E tanta coisa aconteceu, muito tempo passou e "(...) agora era fatal que o faz de conta terminasse assim (...)".

2 comentários:

  1. Quando você diz "habitávamos mundos particulares", acredito que seja resumido todo o pensamento envolvido nessa questão discutida. Os mundos de todos agora são tão diferentes que o que nos resta é perguntar "que rumo sua vida tomou". As coisas ficaram distantes porque todo mundo ficou distante realmente. Até nossos sonhos se esbarravam no futuro, partindo de um ponto comum que era a praça chupando picolé de menta (ou não necessariamente de menta). Mas hoje percebo, e já li esse texto seu por três vezes, que se fizermos uma regressão dificilmente vai dar no que sonhamos lá atrás. Dificilmente as pessoas inocentes, sem medo do ricículo, não solitárias, mais felizes... pensariam que podíamos estar assim: alguns em BH, um na França, outro na Africa, outro no Pantanal, outro em Goiás, alguns no mesmo Rubim e muitos em BH. Mas mesmo esses em BH ainda bem distantes de tudo planeajado.
    Com algumas exceções, também acredito que (apud Linna) "(...) agora era fatal que o faz de conta terminasse assim (...), todos como João e Maria.

    Elvys Ferreira

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  2. E o que seríamos de nós hoje se não fossem os sonhos?
    As crianças de ontem só mudaram de tamanho!
    As inúmeras e inesquecíveis horas de brincadeiras no quintal da sua casa foram muito importante para nossa formação pessoal!
    há muito tempo voltei lá e vi que ali o tempo não passou! E fiz uma comparação com os dias de hoje. Somos quase os mesmos, mas os carros, as ruas, os perigos, as preocupaçoes tornaram-se reais!
    Muita coisa mudou, mas ainda somos um pouco dos mesmos!

    Grande beijo!

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