sábado, 2 de maio de 2009

Sem ar

Estou andando em círculos, buscando a cada dia um pouco de uma felicidade minimalista que nem sei se existe. Me falta coragem de largar o que é cômodo, estabelecido, resolvido, seguro. Me falta fôlego para dizer as verdades que gostaria. Me falta discernimento para medir o risco, calcular o medo. Me falta fôlego...

Andei relendo Rubem Alves, intertextualizado, sábio quando à sua religião, atento ao mundo, e ele me mostrou um pouco de sua "Oração":

"O mundo de fora é um mercado onde pássaros engaiolados são vendidos e comprados. As pessoas pensam que, se comprarem o pássaro certo, terão alegria. Mas pássaros engaiolados, por mais belos que sejam, não podem dar alegria. Na alma não há gaiolas.

A alegria é um pássaro que só vem quando quer. Ela é livre. O máximo que podemos fazer é quebrar todas as gaiolas e cantar uma canção de amor, na esperança de que ela nos ouça. Oração é o nome que se dá a esta canção para invocar a alegria."

Não estou procurando o pássaro engaiolado que me trará alegria, mas preciso aprender a oração.

Um comentário:

  1. Lendo o seu texto, resolvi rebater com Mário Quintana que diz: quando se vê já são seis horas, quando se vê já é sexta, quando se vê já terminou o ano, quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê, já passaram-se 50 anos." o que quero dizer que mesmo se não conseguirmos orar, temos que quebrar as gaiolas assim mesmo. A vida é curta e tem muito amor por aí para ser vivido. Infeliz é o ser que o guarda esperando a hora para despejar em alguém, em uma situação, um dia. Mesmo se não aprender a oração arrebente a gaiola.
    Mas lendo tudo novamente há um outro problema: Há pessoas que tem medo de aprender a orar e se escondem atrás disso. Abraços

    Elvys Ferreira

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